tomador de café, tive a oportunidade de conviver de perto com os mais variados tipos e feitios de empregados de balcão. É o privilégio de quem não se esquece de picar o ponto à frente da chavenazinha 6 ou 7 vezes por dia. O meu bólide funciona a gasóleo, eu funciono a café. Já fiz as contas e fica-me mais barato sustentar o carro. Mas enfim, continuando. Esta oportunidade diária de conviver com estes senhores, de observar o seu habitat natural, os seus movimentos, o seu acasalam… - não, esqueçam, essa parte não foi observável - permitiu-me, após um elaborado trabalho de pesquisa e catalogação, deixar aqui em primeira-mão os resultados de vários anos de apurada observação sobre a relação destes trabalhadores com os trocos. Queria deixar bem claro que estes resultados foram laboriosamente compilados e cientificamente comprovados com muito suor no campo. Não vos vou fazer esperar mais e deixo já de seguida os meus apontamentos:
1- O empregado de balcão modelo:Este espécimen, cada vez mais raro, tem a particularidade de receber o dinheiro do cliente, de dar logo de seguida o troco, contando as moedas uma a uma e colocando-as na palma da mão estendida do tomador de café.
2- O empregado de balcão a precisar de uma consulta na Optivisão:É o espécimen mais irritante da sua classe! Vai buscar o troco e coloca-o em cima do balcão mesmo ao lado da mão estendida e bem aberta do tomador de café. Quem tiver as unhas compridas safa-se bem e pega as moedas com facilidade. Quem tiver as unhas curtas, não tem outro remédio se não fazer deslizar as moedas até ao bordo e deixá-las cair na outra mão aberta um nível mais abaixo.
3- O empregado de balcão fanático do jogo da malha:Este é o tal que atira os trocos com algum desdém para cima do balcão ou da mesa, e a mim dá-me vontade de lhe atirar com o pires à cabeça!
4- O empregado de balcão tipo atira barro à parede para ver se pega:
É sem dúvida um dos mais perigosos. Pede-se para este espécimen atenção redobrada! Esta espécie testa a memória do cliente.
- Está aqui o seu troco!
- Olhe, desculpe mas dei-lhe uma nota de 10 €…
- Tem razão! Tem razão!
Nunca põe em causa a palavra do cliente. Vai buscar a nota de 5 € que falta para completar o troco e entrega-a sem um ai nem um ui. O cliente seguinte que se cuide!
5- O empregado de balcão que abusa do queijo – partindo do princípio que o queijo faz mesmo perder a memória:Esta ave rara não dá simplesmente o troco. O tomador de café dá o dinheiro, toma a sua dose de cafeína, lê o jornal, fuma um cigarrito e das duas, uma: ou se esquece que não recebeu o troco e vai embora todo contente da vida ou então é obrigado a pedi-lo e recebe em troca um desculpe muito mal disfarçado de quem está chateado por não ter ficado com mais uma gorjeta!
Bons cafés para todos!