20061031

# Hesitei um pouco antes de escrever este


post. Confesso que o acho um pouco cruel, que até talvez vá mexer com a sensibilidade de quem o ler, mas vai antes de tudo confrontar a nossa consciência com uma decisão muito difícil de tomar. Uma decisão para a qual numa determinada circunstância não teríamos a menor dúvida em escolher, mas que perante um determinado factor nos pode fazer rever o nosso conceito do que está certo ou errado.

Há uns anos atrás, em conversa, confrontaram-me com a seguinte situação:
Vamos imaginar que um avião se despenha. A bordo estão 150 pessoas e uma delas é o nosso filho. Os outros passageiros são completamente estranhos para nós. Se tivéssemos que optar entre morrer o nosso filho e sobreviverem as outras 149 pessoas ou salvar-se o nosso filho e morrerem os restantes passageiros, o que é que escolhíamos?

Por muito que me possa pesar na consciência, e sabendo que os outros também são filhos de outros pais, eu respondi que optava por salvar o meu filho.

Peço desculpa por andar um bocado afastado dos vossos blogs, mas entre reuniões e testes, mal tenho tempo para visitar o meu próprio blog

36 Comments:

Blogger ... said...

Isso é lógico... primeiro que tudo, privilegiamos a qualidade das relações não a quantidade... Eu cá fazia o mesmo!!!

13:20  
Blogger passarola said...

só na série 24 é que conseguem convencer a malta que os heróis abdicam daqueles que amam pelo bem da nação... tretas!!! Por isso é que os super heróis não podem ter família.... ;D

13:45  
Blogger Prof said...

Esse tipo de exercício costuma ser feito quando vamos a uma entrevista para um emprego e é uma empresa de recursos humanos que está a seleccionar os candidatos. Em Filosofia utilizamos, muitas vezes, exercícios mentais desse tipo. Quanto à questão concreta, e em consonância com o que afirmou o Passarola, a escolha seria o meu filho. Afinal, sou humana e não uma super-heroína.
Beijinhos e estás desculpado por não visitares o meu blog...

14:06  
Anonymous Anónimo said...

Eu ainda não tenho filhos mas tenho a certeza que a minha resposta seria igual à tua...só espero que tal nunca venha a acontecer...

14:56  
Blogger Maríita said...

Eu não tenho filhos e por muito egoista que isso soe, nunca seria capaz de dizer "Que morra o meu filho para que vivam os restantes 149" e mais, acho que lutaria como uma leoa se alguém sequer ousasse tocar-lhe com um dedo.

Beijocas

15:19  
Blogger Unknown said...

Não sou mãe, mas acho que nunca seria capaz de "abdicar" da vida do meu filho!!

15:53  
Blogger Joana Carneiro said...

sera q te consiguerias perdoar se nao escolhesses o teu filho? Nao acho q seja falta de etica... ou egoismo. Ha coisas que o homem n esta preparado p fazer. Abdicar da vida de um filho é uma delas...

15:59  
Anonymous Anónimo said...

Estou contigo, também escolheria o meu filho ( apesar de não ter nenhum)

16:17  
Anonymous Anónimo said...

É complicado...

Mas acho que todos escolhem salvar o filho.

A consciência após é que não vai ficar em grande estado...
O DEPOIS é que é o grande problema.

17:13  
Blogger Bi said...

Penso que a resposta do comum mortal seria essa, exactamente por isso, porque somos comuns mortais e as ligações afectivas que estabelecemos com "os nossos" são para nós mais importantes que um desconhecido.
Como tal, penso que na resposta não deverá pesar na consciência, muito pelo contrário.
Abraço

17:33  
Blogger Utopia said...

Meu caro amigo um filho é sempre um filho, custe o que e a quem custar, se eu dava a vida pelo meu quanto mais a vida de 149 pessoas que nem conheço, pode ser cruel, mas´o meu filho para mim vale tudo!!!
Tou de crer para qualquer pai ou mãe.
Bom feriado

20:50  
Blogger vinte e dois said...

Pensando bem, e como já foi aqui referido, o peso na consciência seria muito maior para mim se optasse por salvar os outros passageiros. não temos saudades de quem não conhecemos, mas de um filho... Fosse qual fosse a situação, faria tudo para o salvar, ele estaria em primeiro!

21:42  
Blogger Unknown said...

A minha resposta seria igualà tua, salvar quem nós gostamos, os outros n se conhecem.

22:13  
Blogger Sofia said...

Sem dúvidas, salvaria o meu filho (se tivesse um), mesmo que eu estivesse entre as 149 que precisariam morrer.
Abraços,

23:08  
Blogger desculpeqqc said...

Se todas as decisões fossem assim tão simples... resta saber quem se considera verdadeiramente filho (ou pai) a ponto de tornar essa regra ( a tua escolha) universal.

23:34  
Blogger CP said...

Honestamente gostava de saber qual a resposta "oficial" dos psicologos que a colocam durante alguns testes psicotecnicos que fazem parte de algumas entrevistas de trabalho.

Suponho que a Jade sendo também ela de filosofia irá compreender o porquê da minha resposta.

Começarei por dizer que tenho grandes problemas quando me colocam este tipo de situações porque habitualmente começo por tentar "desmontar" a situação e tentar definir os "porquês" e os "comos" que dão origem não só à situação como a uma possivel resolução da mesma. Simplificando: penso simplesmente demais e acabo sempre por explanar a situação, colocar mais questões e não dar nenhuma resposta porque nenhuma resposta me parece viável. Infelizmente nem sempre se pode adoptar esta minha postura...

Para mim o que está aqui em causa é a possibilidade de distanciação que uma pessoa consegue ter quando confrontada com uma situação limite. Também se coloca em causa (ou melhor também é abordada) a perspectiva ética dessa mesma pessoa, contudo parte-se de uma base moral assumidamente definida (e presente na maioria das sociedades ocidentais da actualidade) o que nem sempre é bom. A obvia resposta utilitarista deveria à partida ser a ideal pois estariamos a falar da salvação de 149 pessoas em "troca" da perda de 1. Contudo o envolvimento sentimental, o apego, a uma dessas 150 irradica, quase sempre, a possibilidade utilitarista assim como qualquer espécie de ética baseada no bem-maior ou no bem para o maior número. Mas se queremos ser justos, e atenção que por utilizar o termo "justos" não implico que deixemos de ser humanos, deixo-vos algo para pensar:
"Ao aceitar que os juízos éticos têm de ser feitos de um ponto de vista universal, estou a aceitar que os meus interesses não podem, pelo simples facto de serem os meus interesses, contar mais do que os interesses de qualquer outro indivíduo. Assim, a minha preocupação muito natural em defender os meus interesses tem de ser estendida, quando penso eticamente, aos interesses dos outros. Ora, imaginemos que estou a tentar escolher um de dois cursos de acção possíveis — por exemplo, comer todos os frutos que eu próprio colhi ou partilhá-los com outros. Imaginemos também que estou a tomar esta decisão num total vazio ético, que nada sei acerca de quaisquer considerações éticas — estou, por assim dizer, num estádio de pensamento pré-ético. Como me decidiria? Uma coisa relevante seria o modo como os cursos de acção possíveis iriam afectar os meus interesses. Na verdade, […] parece que neste estádio pré-ético só os nossos interesses poderão ser relevantes para a decisão.

Suponha que depois começo a pensar eticamente, ao ponto de reconhecer que os meus próprios interesses não podem contar mais do que os interesses dos outros simplesmente por serem meus. Em vez dos meus próprios interesses, agora levo em conta os interesses de todos os que serão afectados pela minha decisão. Isto exige que eu pondere todos esses interesses e adopte o curso de acção que tenha maior probabilidade de maximizar a satisfação dos interesses de todos os afectados. Assim, pelo menos num certo nível do meu pensamento moral, tenho de escolher o curso de acção que, ponderadas as coisas, terá as melhores consequências para todos os afectados. […]"
Peter Singer, "Sobre a Ética", 1993, trad. de Pedro Galvão.

Não terão também os outros 149 direito a ser escolhidos? São eles menos merecedores do vosso afecto porque não os conheceis?
E agora sendo "mauzinho", que pensaria o vosso filho quando soubesse que por ele ter sido salvo, 149 pessoas (e porque não ser completamente macabro e dizer que eram todas crianças?) tinham perdido a vida para que ele pudesse sobreviver?

Compreendendo claramente a escolha feita por todos até agora, peço-vos que me deixem ser "ovelha negra" mas que vos dê algo em que pensar...mesmo sabendo que, para muitos, nem sequer há discussão.

P.S. Jade se depois disto tudo não compreendeste porque resolvi escrever isto não te preocupes...eu tb não percebi!

03:01  
Blogger Boop said...

Decedi comentar antes de ler os outros comentários (leio dp...)
Escolheste uma situação muito extrema - impossivel. Refugiei-me nisso para pensar - não fasso ideia, só na altura é que teria de decidir, e como isso não vai chegar...
Mas depois pensei... e se houvesse só um antiduto para um veneno mortal -ou uma ambulância para levar vitimos em estdo grave para o hospital - Bem , claro... lutava por tudo, teria de ser a minha filha!!!!

Bjs

09:08  
Blogger asdrubal tudo bem said...

mas essa é claramente a resposta mais lógica. quem disser o contrário só o dirá por achar que é politicamente correcto.

09:39  
Blogger maria inês said...

Não é fácil... nada mesmo!

Penso que só no momento e sob pressão é que seria capaz de tomar uma decisão (e será que seria???) não imagino qual!!!!

um filho é um filhe! Não tenho filhos mas vivi a dor dos meus pais!!!

09:47  
Blogger Enfim... said...

estas desculpado (não por muito tempo lol) tou a brincar bom trabalho.Bjokas

11:57  
Blogger Miguel said...

22,

Eu acho que também daria essa resposta por muito egoista que ele seja ...!

Um BOM Feriado!
Bjks da Matilde e Cª!

PS: Mas vai dando noticias, não desapareças de todo!

13:56  
Anonymous Anónimo said...

É dificil pensar nisso...e de sabermos como vamos agir, sem passar pela situação. Pois a decisão será momentanea .

Bj e bom feriado **

14:08  
Anonymous Anónimo said...

o mesmo se põe se no avião fossem dois filhos/as (como tenho eu) Qual o que escolher para morrer??

15:32  
Anonymous Anónimo said...

aquela já velha história do "com o mal dos outros posso eu bem" mas é sempre uma situação em que a mente humana poucas vezes pensou ou se pensou disse: «nem quero pensar nisso!» é muito complicado, mas a opção de salvar o nosso filho, seria sem dúvida a minha escolha!abraço!

18:47  
Blogger Abelhinha said...

eu salvava a minha filha sem hesitar

18:59  
Anonymous Anónimo said...

Qualquer pessoa escolhia a vida do filho acho que não é egoismo. o sangue fala mais alto.
xau

19:14  
Blogger Prof said...

cp,
A resposta Kantiana seria óbvia: os meus interesses são o interesse universal porque só é considerada acção moral aquela que eu faço guiando-me por uma máxima tal que queira que ela se torne universal. Assim, se eu pensar em mentir a um amigo devo pensar se gostaria que me fizessem o mesmo e como a resposta seria certamente negativa, então não o devo fazer. Como é que isto se aplica ao caso exposto pelo 22? Bem, eu faria aquilo que gostaria que todos fizessem e salvaria o filho, mas se os outros, por seu turno, fizessem o mesmo, então o meu filho não se salvaria se fosse naquele avião. Agora fui eu que fiquei baralhada...

23:14  
Blogger vinte e dois said...

Realmente, no caso de haver dois filhos no avião, seria completamente diferente. Só podendo sobreviver um, teria que se fazer uma escolha, o que entre dois filhos, para mim - mesmo só tendo um - seria impossível fazer. Para este caso não saberia o que fazer!

01:17  
Blogger Dora said...

Olha eu não sei...
Não tenho filhos, mas acho que a maioria escolheria o próprio filho, não sei...

12:20  
Blogger Blondie said...

Resposta perfeitamente compreensível, pois é o único que se conhece e, ainda por cima, com o qual se tem laços afectivos e de sangue. É normal e humano que o nosso coração tenha preferência pelo filho. Mas se os restantes pais também forem dessa opinião, fica tudo salvo!!! E está o problema resolvido ;) eheheh

Beijinhos

22:19  
Blogger Catia Soares said...

Ainda não tenho filhotes... Mas acho que nunca hesitaria, salvava o meu filho!

05:05  
Blogger Cintia said...

Eu nao tenho filhos, mas acho que salvaria meu filho... apesar que isso parece egoista nao é?! Nossa é uma experiencia que eu nunca quero passar!
Bjos no coraçao! E parabens pelo belo post!

07:01  
Blogger Brottas said...

sangue do meu sangue... e parte da minha vida... mata-lo seria matar-me... nao pensava duas vezes primeiro sairia o meu filho... (e eu ainda não tenho filhos)

20:52  
Blogger Yashmeen said...

O meu filho! Sem pensar um segundo! Quero lá saber de um milhão de desconhecidos quando se trata do meu menino!

22:40  
Blogger jmafa said...

Ainda bem que é apenas um problema hipotético huff

00:44  
Blogger White_Fox said...

Acho que fazia o mesmo. Mas fica sempre aquele peso na consciência. É uma pergunta mt complicada de responder. Confesso!

21:52  

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