# Hoje de manhã, para variar, a minha saída

de casa, foi algo alucinante. Aliás, já cheguei a uma conclusão bastante interessante, quanto mais perto se mora do local de trabalho, mais são as probabilidades de se chegar atrasado. E eu moro a 10 minutos do meu emprego. Como eu ia dizendo, a minha saída foi um bocado apressada.
Lá ia eu então pelo meu caminho, quando, logo após uma curva, me deparei com uma camioneta dos serviços municipalizados parada na via contrária à minha e, bem no meio da na minha faixa de rodagem, um cão preto, pequeno, parado, com um ar muito simpático e sereno. Pus o pé ao travão e fiquei a olhar para ele… e ele para mim, num frente a frente que me fez voltar ao passado, ao tempo os velhinhos filmes de cowboys que via quando era criança. Buzinei. Ele inclinou a cabeça, levantou as orelhas, mas não demoveu. O funcionário da Câmara, ao alto, atento aos acontecimentos, ria-se. Voltei a buzinar, ele sentou-se. E quase que podia jurar que naquele momento, os seus lábios tinham desenhado um sorriso que dizia por dentro desenrasca-te, meu amigo! Os segundos começaram a parecer minutos. O seu olhar continuava fitado no meu, como que me desafiando. Os ponteiros do relógio não paravam… E de repente, desisti. Entreguei as armas. Subi o passeio, contornei-o, e de relance consegui vislumbrar um brilho de vitória nos seus olhos pretos enormes.

Há cães com uma personalidade mesmo forte..