# Há certas coisas que, por muito que me esforce

não consigo entender. Talvez por eu não ser assim, não sei. Não percebo como é que uma pessoa que não me conhece de lado nenhum, e que fala comigo pela primeira vez, me conta a sua vida quase toda de ponta a ponta! Foi assim hoje com uma Encarregada de Educação. E não foi necessidade de desabafar, porque essas pessoas reconheço-as e ouço-as, foi mesmo prazer em falar e desbobinar quanto mais melhor. Só faltou mesmo brindar-me com alguns pormenores mais íntimos da sua noite de núpcias. Com pessoas embriagadas, já estou habituado. Normalmente, por muito cheio que um café esteja, é comigo que metem conversa, mas neste caso, não há paciência para esta gente.

Nota posterior: No meu post tive o cuidado de fazer a distinção entre dois tipos de pessoas. Há realmente Encarregados de Educação (salvo raras excepções, são senhoras) que por vezes desabafam comigo as dificuldades que têm em casa, que passam muitas vezes por problemas com o alcoolismo dos maridos, agressões físicas de que são vítimas e calam, e problemas económicos porque o marido prefere gastar o dinheiro em saídas nocturnas do que beneficiar a família com ele. E ouço-as porque sei da necessidade que têm por vezes de partilharem determinadas coisas que sabem que ali, vão ficar no segredo da relação professor/Encarregados de Educação. Há situações que me comoveram, situações chocantes que me custa acreditar que ainda possam existir nos nossos dias, mas que infelizmente são o dia-a-dia de muitas mulheres. E sei que essas pessoas, por vezes saem mais leves, não por terem resolvido um problema, mas por terem deitado cá para fora o que talvez há muito tinham fechado dentro de si e calavam por vergonha.

E há as outras pessoas, aquelas que falam de tudo e mais alguma coisa - independentemente de serem Encarregados de Educação ou não. O exemplo de ontem foi simplesmente um ponto de partida. Pessoas que falam pelo prazer de falar, da vida delas e ainda mais da vida alheia. Pessoas que não se limitam a falar, mas também disparam farpas a torto e a direito. E não contentes com isso, ainda nos tentam sacar informações da nossa própria vida. E é para essas que não tenho paciência, porque as outras são alvo da minha admiração e simpatia…