# Pode parecer mentira, mas foi mesmo assim

com todos os pontos e vírgulas.


Missão: comprar fiambre e uvas
Tempo previsto: no máximo 10 minutos

Ontem, ao final da tarde dirigi-me ao supermercado perto da minha casa com a finalidade de fazer umas compritas de que eu necessitava. Entrei, peguei num cesto logo à entrada e alguns metros mais à frente, reparei que uma das asas estava partida. Voltei atrás e troquei-o por um outro, que tive o cuidado de verificar se estava em boa condições.

Cheguei à secção da charcutaria, tirei um talão e esperei pacientemente pela minha vez. Quando o último cliente à minha frente acabou de ser atendido, dirigi-me à funcionária para fazer o meu pedido. E mal tinha acabado de abrir a boca…
Funcionária: Peço desculpa, mas vai ter que aguardar um minuto por favor!
E afastou-se para tratar de um assunto pendente a uns metros mais ao lado.
Esperei, comparei preços, cantarolei e aparece um outro funcionário com um aspecto de caloiro no assunto.
Funcionário: o senhor já foi atendido?
Eu: ainda não.
Funcionário: então, diga lá!
Eu: são 200 gramas de fiambre da pá x, se faz favor.
O rapazito dirige-se ao rolo das folhas de plástico. Chega a outra funcionária.
Funcionária: já foi atendido?

Eu: estou a ser atendido, obrigado!
Funcionário: D. Lúcia, o rolo está vazio…
Funcionária: Vai ali à estante que estão lá deles.
Continuo a aguardar.
O rapaz troca o rolo e vira-se para mim.
Funcionário: disse 150, não foi?
Eu: não, não, são 200.
Corta o fiambre, embrulha-o e coloca-o em cima da balança.
Funcionário: D. Lúcia! A balança não está a funcionar!
Funcionária: Eu sei João, o rolo do papel acabou, troca-o…
Abre a máquina, coloca um rolo novo.
Funcionário: D. Lúcia, a balança continua a não funcionar!
Ela levanta a tampa da máquina.
Funcionária: oh! João… puseste o rolo ao contrário, vira-o!
O meu fiambre é finalmente pesado e sigo directamente para a secção da fruta. Sou o único cliente. Arranco um saco de plástico e começo a enchê-lo de uvas quando ouço a voz de uma outra funcionária que se dirige a mim.
Funcionária: olhe, senhor, sirva-se à vontade e coloque o saco em cima da balança que volto já, já num instantinho!
Escolho as uvas com calma, dou um nó na parte de cima do saco e sigo muito certinho as instruções da senhora que não há maneira de aparecer. Conto os tomates que estão na caixa ao meu lado, admiro as lâmpadas suspensas na barra metálica por cima de mim, verifico se tenho as unhas bem limpas e aparece finalmente a senhora que finalmente me pesa as uvas. Agradeço e sigo caminho. Dois passos mais à frente, olho para a etiqueta e volto atrás.
Eu: desculpe minha senhora, mas tem a certeza que este preço está certo?
Funcionária: de onde é que tirou as uvas?
Eu: dali!
Funcionária: tem toda a razão!
Volta a pesar e cola uma segunda etiqueta por cima da outra. Chego à caixa, vejo duas filas disponíveis e opto pela da direita que tem a funcionária mais bonita. A cliente mais à frente é atendida e só fica mais uma até chegar a minha vez. A funcionária passa os preços na máquina, pega no cartão Multibanco que a cliente lhe passa para a mão e fá-lo deslizar pela ranhura… uma vez, duas… coloca o cartão dentro de um saco de plástico e volta a tentar em vão. Enquanto isso, na caixa ao lado, os clientes vão desfilando a um ritmo alucinante. Olho para o relógio, largo um suspiro vindo quase da ponta dos pés, volto a contemplar as lâmpadas do tecto enquanto a funcionária, que já retirou o plástico, continua a tentar convencer o cartão a cumprir a função para a qual ele foi criado. E os clientes continuam a passar na caixa ao lado. E eu mudo de táctica e começo a bufar.
Funcionária, virando-se para mim: não se importa de passar para a outra caixa?
Pego nas minhas compras que já se encontravam no tapete, volto a colocá-las no cesto e vou para o fim da fila ao lado até ser finalmente atendido!

Missão cumprida em 45 minutos!