# Eu não costumo andar a perseguir homens

mas diga-se de passagem que se o fizesse, também ninguém teria nada a haver com isso. Mas o que é certo, é que já o fiz. Não pelos motivos que prevejo já estarem a assaltar essas cabecinhas por esse país fora. E os contornos da situação ainda se vão tornar mais estranhos quando eu revelar que tudo começou na casa de banho masculina do andar superior de um conhecido centro comercial de Aveiro. Cujo nome é Glicínias, mas não o vou revelar, por razões que se vão tornar óbvias. Adiante. Estava então na casa de banho, mais precisamente naquela fase em que se lavam as mãos, no depois de. Uma espreitadela no espelho, tudo nos conformes. Uma segunda espreitadela, e reparo atrás de mim, num rapaz ainda novo, casaco branco tipo bata a passar da cintura para baixo, em pé a fazer as suas necessidades. A fatiota despertou a minha atenção e a minha curiosidade. Acabou, sacudiu-se vigorosamente, e saiu porta fora. Segui-lhe os passos pelas escadas rolantes abaixo, sem o perder de vista. E fiquei parado, atento.
Entre sorrisos e duas ou três piadas, a funcionária de uns dos estabelecimentos do centro comercial colocou-lhe em cima do balcão um recipiente cheio de bifanas, prontas a serem assadas. O rapazinho enfiou uma mão no meio da carne, deu-lhe umas voltas, mais dois dedos de conversa e levou o recipiente consigo para a cozinha do restaurante que se situava mesmo ao lado. E colocou uma touca na cabeça.
Resta dizer que este estabelecimento deixou de fazer parte dos meus locais de peregrinação.